“Diz-se que a fadiga vem do excesso de trabalho. Consequentemente, a cura da
fadiga é o descanso, quer dizer, não fazer nada. Mas a verdade é que mais
frequentemente a fadiga é devida, não ao excesso de trabalho, mas à falta dele,
ou melhor, à preguiça ou tédio. A fadiga não deveria ocorrer tão depressa ou tão
facilmente se você soubesse como fazer o trabalho. Se estiver interessado no seu
trabalho, você pode continuá-lo por muito tempo sem sentir fadiga. E,
precisamente, um dos meios para se recuperar da fadiga, é não se sentar e cair
em apatia e tamas (desmotivação e depressão), mas assumir um trabalho
que desperte seu interesse. Trabalho feito com alegria e entusiasmo calmo é
tônico. É descanso dinâmico. Trabalho feito sem interesse, como uma espécie de
dever ou obrigação, naturalmente o cansará logo. Assim, o remédio para a fadiga
é manter o interesse desperto. Mas há um outro mistério. O interesse não depende
do trabalho: qualquer trabalho pode tornar-se interessante, até mesmo a um grau
extremo. Não há trabalho que por si sí seja monótono, insipido e
desinteressante. Tudo depende do valor que você lhe dá, e compete-lhe torná-lo
tão atraente como um romance e tão significante quanto um
símbolo.”
(…)
O homem geralmente escolhe seu trabalho ou é
obrigado a escolhê-lo por uma preferência vital, um preconceito ou ideia de que
seja a espécie de trabalho no qual possa brilhar ou ter sucesso. Esta vaidade
egoísta ou este oportunismo podem ser necessários ou inevitáveis na vida comum.
Mas quando se deseja ir além da vida comum e aspirar pela vida verdadeira, este
apego e esta escolha pessoal tornam-se mais um impedimento do que um auxílio
para progredir em direção ao caminho da vida verdadeira. A atitude yóguica em
relação ao traba- lho é, pois, aquela de desapego absoluto, de não fazer nenhuma
escolha, mas de aceitar e fazer qualquer coisa que lhe seja dada, qualquer coisa
que lhe venha no curso normal de sua vida e de fazê-la com máxima perfeição
possível. É desta maneira, e apenas assim, que todo trabalho se torna
extremamente interessante e toda vida um milagre de deleite.”
O Yoga de Sri Aurobindo, de Nolini Kanta
Gupta – Partes VI, págs 56 e 57 (tradução de Thalysia de Matos Peixoto
Kleinert)
http://dharmalog.com/2012/07/05/a-fadiga-que-nao-vem-do-excesso-sri-aurobindo-e-a-cura-da-fadiga-no-trabalho-moderno/
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