Ontem sonhei que escalava montanhas descalço, desassossegava-me sentir pessoas me puxando pra baixo quando conseguia subir mais um pouco... ficar descalço me incomodava também, sei lá... como se como bicho perambulasse pelas montanhas e ruas. Minha aparição era sempre esquisita, causava riso nas pessoas , como se bizarro eu fosse e ninguém confiasse a partilha de minha companhia. Era algo descrente pra todos , até pra mim(...) Em um armazém eu vi um par de havaianas , diferentes, acho que não lançaram ainda um modelo assim nas lojas e achei que esse modelo serviria no meu pé, era o tamanho certo! e brilhava aos meus olhos. Ainda sentia pessoas cochichando por perto ao me ver sujo e com os pés descalços ali , parecendo um mendigo que não pedia nada , nem tinha voz , só um olhar fundo... ora opaco, ora brilhante, como a estética que via na fotografia dos meus pés. Quando prestei atenção aos meus pés sujos e pequenos, vi a formação perfeita de um leque entre os dedos, sim era o leque dos meus passos em tantas e tamanhas estradas de terra, lama e asfalto. Estava marcado pelos caminhos vários, com arranhões e cicatrizes ...cascudo como o quê . Um leque lindo do dedão ao dedo mindinho, até a beleza que sentia ao vê-lo parecia bizarra.Nesse momento vislumbrei um sapato com um leque florido com pedras em ágatas vermelhas, era meio estranho , não era um sapato fechado, era aberto como um leque , mas podia fechar-se quando eu quizesse , talvez só eu achasse bonito aquele sapato , talvez continuasse sozinho no meu caminho, mas aquele sapato não era uma havaiana qualquer , eu o tinha feito com meus olhos e minhas mãos e isso era tudo que eu tinha, além de pés sujos , roupas em farrapos e os perversos psíquicos de mim mesmo que gargalhavam nas minhas costas.
terça-feira, 3 de abril de 2012
O menino que não tinha sapatos
Ontem sonhei que escalava montanhas descalço, desassossegava-me sentir pessoas me puxando pra baixo quando conseguia subir mais um pouco... ficar descalço me incomodava também, sei lá... como se como bicho perambulasse pelas montanhas e ruas. Minha aparição era sempre esquisita, causava riso nas pessoas , como se bizarro eu fosse e ninguém confiasse a partilha de minha companhia. Era algo descrente pra todos , até pra mim(...) Em um armazém eu vi um par de havaianas , diferentes, acho que não lançaram ainda um modelo assim nas lojas e achei que esse modelo serviria no meu pé, era o tamanho certo! e brilhava aos meus olhos. Ainda sentia pessoas cochichando por perto ao me ver sujo e com os pés descalços ali , parecendo um mendigo que não pedia nada , nem tinha voz , só um olhar fundo... ora opaco, ora brilhante, como a estética que via na fotografia dos meus pés. Quando prestei atenção aos meus pés sujos e pequenos, vi a formação perfeita de um leque entre os dedos, sim era o leque dos meus passos em tantas e tamanhas estradas de terra, lama e asfalto. Estava marcado pelos caminhos vários, com arranhões e cicatrizes ...cascudo como o quê . Um leque lindo do dedão ao dedo mindinho, até a beleza que sentia ao vê-lo parecia bizarra.Nesse momento vislumbrei um sapato com um leque florido com pedras em ágatas vermelhas, era meio estranho , não era um sapato fechado, era aberto como um leque , mas podia fechar-se quando eu quizesse , talvez só eu achasse bonito aquele sapato , talvez continuasse sozinho no meu caminho, mas aquele sapato não era uma havaiana qualquer , eu o tinha feito com meus olhos e minhas mãos e isso era tudo que eu tinha, além de pés sujos , roupas em farrapos e os perversos psíquicos de mim mesmo que gargalhavam nas minhas costas.
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Absolutamente delicioso seu texto. Como degustar uma comida que não existe...
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